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Síndrome do ninho vazio

  • Foto do escritor: Waldemar Hillal Barboza
    Waldemar Hillal Barboza
  • 13 de nov. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 4 de fev.


O envelhecimento não é um problema, nem mesmo uma doença. Mas será que estamos prontos para envelhecer? Com a idade, vem também a maturidade - tanto para nós quanto para aqueles que nos circundam, sejam amigos, filhos ou netos. Assim, é necessário compreender que os momentos distantes destes entes queridos poderão ser mais comuns. A aceitação que a vida não acabou e que ainda há um mundo a ser desbravado precisa ser de dentro para fora.


Não se trata de chegar na terceira idade, mas como chegar lá. Os hábitos cultivados durante a vida serão colhidos nessa fase. Os cuidados com a saúde, portanto, são fundamentais para manter o corpo e a mente em paz e, assim como os jovens, se reinventar e buscar novos horizontes para preencher uma vida alegre e saudável.

A escritora Marta Fernandes redigiu um pensamento relevante acerca deste momento na vida do idoso. Ele segue:






Texto da escritora Marta Fernandes de Sousa Costa publicado no Jornal Diário Popular

“A casa parece muito silenciosa. Faltam as risadas infantis, as implicâncias entre os irmãos, os livros e roupas jogados no chão, o banheiro molhado, o som em alto volume. Recém tudo isso nos aborrecia e, agora, lamentamos sua falta. Os filhos cresceram e, como pássaros testando suas asas, alçaram voo.


Precisam partir, quando chega sua hora. Como um dia partimos, olhos deslumbrados, na boca um sorriso escancarado, na expectativa de mil conquistas. É um caminho sem volta e é bom que assim seja. Isso significará que encontraram seu rumo. Cumprimos nossa missão, pensaremos, e será gratificante o pensamento.


Então, por que a sensação de perda? Desejaríamos prendê-los, amordaçá-los aos nossos velhos conceitos, impedi-los de quebrar a cara e, assim, crescer? Permanecer no lar seria aceitar o corte de suas asas, desistir dos seus sonhos para tentar concretizar os não realizados ou postergados pelos pais.


A aventura os chama, necessitam ir ao seu encontro. Mas, isso é problema deles; o nosso é o que fazer com o espaço que sobrou, o tempo que súbito se arrasta. Engraçado, antes era difícil distribuí-lo, agora parece impossível preenchê-lo.


Deixemos que eles se vão, felizes, sem remorsos, que não cabem em tal situação. Ajudemos a arrumar a mala, decorar o apartamento alugado; presenteamos o abat-jour cuja luz apreciam, a cadeira predileta. Depois, quando a porta fechar, cuidemos de nós. Mãos à obra! Também merecemos novas oportunidades; vamos procurá-las e criá-las, sem a premência de buscar o pequeno na escola, levar a menina à aula de ballet. Tudo o que não fizemos antes - até as coisas começadas e não concluídas - podemos realizar, se aceitarmos a ideia de que os filhos partiram para cumprir seu destino.


Porém, se tivemos anos de doação e anulação - como costumam os pais fazer – a responsabilidade é nossa, qualquer que tenha sido a motivação. Portanto, não pretendamos cobrar, na partida, uma conta que não fizeram. Ao contrário, regozijemo-nos por esta oportunidade de recomeçar.


A aula de pintura, ginástica, canto ou computação, a oficina de literatura, o clube de tricô, a volta à escola, o voluntariado nas entidades assistenciais, o encontro com os amigos e o churrasco, depois do futebol - são tantas as opções. Refeita a caminhada, encontramos agradáveis companheiros e outra vez o tempo é escasso.


Quando houvermos reassumido nosso destino, descobriremos como são estranhos os laços do amor, pois, quanto mais frouxos, mas eles prendem.

Então, inúmeras vezes a porta se abrirá e novamente a casa se encherá de risos, os filhos, os netos, os amigos chegando. E nos surpreenderemos, procurando um instante de sossego, para escrever um pouco, talvez.”

 
 
 

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